Muitos empreendedores acreditam que crescer significa lucro garantido. Mas não é bem assim, o que poucos percebem é que o aumento de faturamento pode colocar a empresa na faixa tributária errada e isso acaba consumindo parte do lucro, sem que ninguém avise.
Há casos frequentes de contadores que não fazem uma revisão contínua do regime tributário ou não identificam quando o cliente já ultrapassou faixas de tributação. Resultado: o empreendedor paga mais impostos do que deveria e “desperdiça” parte do lucro que poderia ficar no caixa.
A seguir vou mostrar como esse erro acontece na prática no caso de um arquiteto e um dentista e como evitá-lo.
Por que crescer pode custar parte do lucro
Quando um negócio ultrapassa determinados patamares de faturamento, ele precisa rever seu enquadramento tributário. Por exemplo:
- No Simples Nacional, existem faixas em que as alíquotas crescem conforme o faturamento.
- Ao ultrapassar os limites do Simples (quando aplicável), pode haver migração para Lucro Presumido ou Lucro Real.
- Em atividades de serviços (como arquitetura ou odontologia), certos serviços podem ser tributados de maneira distinta (por exemplo, projeto vs execução, construção civil, supervisão de obra).
- Isso é agravado quando o contador não monitora esses limites ou não propõe mudanças no momento certo.
Esse descuido pode “comer” uma parcela significativa do seu lucro, até 15 a 25 % em muitos casos, sem que você perceba.
Exemplo 1: arquiteto ultrapassa limite de regime e paga mais imposto
Imagine “Carlos”, arquiteto, com escritórios de pequeno porte que fatura R$ 12.000,00 por mês em projetos (12 meses: R$ 144.000/ano).
Ele presta dois tipos de serviço:
- Projetos arquitetônicos (plantas, estudos, detalhamentos)
- Assistência técnica e acompanhamento de obra (supervisão, visitas, compatibilização)
Se ele estiver no regime do Simples Nacional, serviço de arquitetura é enquadrado no Anexo III ou V, dependendo da folha de pagamento e outros fatores.
Suponha que ele comece a assumir obras ou contratos maiores, gerando retenção de ISS ou obrigações específicas. Em muitos municípios, o ISS sobre construção civil ou execução de obra pode ter alíquota elevada ou retenções adicionais conforme legislação local.
Se o contador do arquiteto não perceber essa mudança no perfil dos serviços, o escritório pode ficar tributado em alíquotas mais altas ou sofrer retenções que não estavam sendo previstas.
Por exemplo, digamos que sua alíquota de “serviços de projeto” era 6%, mas parte dos seus contratos passaram a exigir retenção de ISS ou enquadramento de “obra” com alíquota de 4-5% + retenções adicionais. Ele deixa de computar corretamente e paga além.
Se Carlos tinha um lucro bruto projetado de R$ 50.000 num ano, esse erro de tributação pode “consumir” R$ 10.000 a R$ 12.000 do que seria lucro líquido, cerca de 20%.
Exemplo 2: dentista com dois consultórios, rendimentos mistos
Agora imagine “Mariana”, dentista com dois consultórios em cidades diferentes, faturando R$ 14.000/mês (R$ 168.000/ano).
Os dois consultórios oferecem:
- Procedimentos clínicos (limpeza, restauração, ortodontia leve)
- Serviços complementares (exames de imagem, clareamento, pequenas cirurgias)
Se ela estiver como pessoa física ou como empresa simples sem planejamento, pode ocorrer o seguinte:
- Em um dos consultórios, já há retenção do imposto de renda (se prestar serviços para pessoa jurídica)
- No outro, não se faz retenção ou se registra como “autônomo simples”
- Ao declarar, ela não ajusta as retenções ou reporta corretamente os dois rendimentos
Suponha que em um consultório foi retido IR de R$ 1.800 no ano, mas o outro consultório não fez qualquer retenção. Quando ela faz a declaração, o sistema considera que ela deve pagar imposto adicional de R$ 4.200. O total de imposto acaba ficando alto.
Se o contador da dentista tivesse declarado corretamente e ajustado deduções (plano de saúde da família, dependentes, despesas médicas), poderia receber restituição ou pagar muito menos.
É possível que ela poderia recuperar R$ 6.000 a R$ 8.000 (estimado), valor que hoje foi “consumido” por erro tributário.
Esse descompasso na declaração conjunta de rendimentos acaba fazendo a dentista perder parte de sua restituição ou pagar imposto desnecessário.
Mas calma, é possível reaver parte da tributação paga erroneamente em alguns casos. Veja se é seu caso falando com um contador especialista agora clicando aqui.
Os sinais de que você pode estar sofrendo esse erro
- Seu lucro “aparente” caiu mesmo com aumento de faturamento
- Você ultrapassou faixas do Anexo do Simples e não migrou de regime
- Seus serviços estão misturados entre tipos distintos (ex: obra, projeto, execução)
- Há retenções de ISS, IR ou retenções na fonte que você não compensa corretamente
- Você conta com um contador que só “envia a declaração” e não revisa seus negócios periodicamente
Como evitar perder 20% do lucro sem perceber
- Revisão periódica do regime tributário: avalie trimestralmente se o regime atual ainda é o mais vantajoso.
- Segmentação dos serviços: em escritórios que fazem projeto + execução + acompanhamento, separar contratos distintos ajuda no enquadramento correto.
- Controle de retenções: identificar retenções de ISS, IR e contribuições em contratos e ajustar corretamente na contabilidade.
- Planejamento tributário antecipado: antecipar o ajuste de regime, distribuição de lucros, pró-labore adequado etc.
- Contador proativo: deve monitorar seu negócio, sugerir melhorias, identificar quando já é hora de migrar.
Se você está percebendo que seus lucros “sumiram” após crescimento, ou que o imposto parece aumentar demais conforme você fatura mais, é hora de revisar sua contabilidade com quem entende do seu ramo.
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